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Os Bebés e o Stress

É muito frequente no regresso a casa, e muitas vezes mesmo no hospital, os bebés manifestarem sinais de stress.  Os pais interrogam-se porque o bebé chora, porque manifesta mau estar, os pais sentem que o bebé não está bem… as duvidas surgem. 
E depois quando no dia a dia o bebé continua a chorar, a manifestar sinais de mau estar, chorar sem parar, porquê?

“Ter um bebé que CHORA, inconsolavelmente, é esgotar-se por um ser pequeno com o poder incrível de confundir e afligir. Os Pais questionam-se acerca das suas capacidades enquanto Pais e Mães, do seu direito de o serem e, também, enquanto seres humanos”.

Kitzinger, 2005

Apesar de ser uma palavra forte e ligada ao mundo dos adultos, o STRESS existe e é frequente aparecer nos bebés.

Muitas vezes este stress manifesta-se através do choro, no entanto é importante lembrar que a forma como o bebé se manifesta é através do choro, e é através do choro que podemos entender qual é  a origem deste mesmo stress.

O choro pode ser mais intenso, forte, intermitente, pequenos períodos de lamechas, ou mesmo choro prolongado. Os pais interrogam-se se será uma dor física ou emocional, podendo ser uma das seis razões apresentadas pela autora, Aletha J. Solter.

Segundo o prof. Brazelton, o choro faz parte dos estádios normais do bebé afirmando que o “Choro é um mecanismo de regulação que o bebé utiliza para descarregar toda a sua energia acumulada, e que lhe dá a oportunidade de passar a um estádio mais calmoI.

Segundo BolwbyIIO choro protege o indivíduo e ajuda a assegurar a sobrevivência da espécie” levando-nos a concluir o quão importante é o choro no desenvolvimento e compreensão do bebé.

O bioquímico William Frey estudou a composição químicas das lágrimas detectando a presença de certas substancias implicadas na resposta fisiológica ao stress (hormonas adrenocorticotrópicas- ACTH e catecolaminas).  O autor acredita que a presença destas substâncias na lágrima é uma forma de eliminar o stress, permitindo o restabelecimento químico do mesmo (hemóstase). Ele pergunta: – Se todas as outras funções de excreção tem uma função depurativa (urinar, defecar, suar) porque as lágrimas não iriam ter função alguma?

Este estudo veio revelar a importância do choro, para regular o organismo, colocando em dúvida as correntes de levar à exaustão do bebé, quando o choro não é correspondido ou atendido. O choro prolongado leva a níveis de cortisol elevados, podendo lesionar o hipocampo do bebé (parte do cérebro do bebé responsável pelo desenvolvimento e aprendizagem).

Aletha J. Solter refere que os pais têm grandes benefícios quando dão uma resposta atempada e respeitam o choro. A autora diz também que o choro permite fazer uso da energia inicialmente reservada para resposta de luta ou fugida.

Na nossa sociedade o choro é mal visto, mal interpretado, levando os pais a assumirem uma culpa de impotência, de maus cuidadores, contribuindo para o insucesso da parentalidade, aumentando a depressão pós-parto.

Quantas vezes a sociedade culpa os pais, ou reprime quando estes querem satisfazer o bebé nas suas necessidades, ou mesmo quando querem dar resposta a um pedido de socorro? A justificação do “excesso de mimo, e a postura arrogante da sociedade, não mede as consequências no desenvolvimento do bebé e nas competências parentais.

Devemos interpretar o choro como uma forma de o bebé comunicar com os pais, devendo os Pais, por sua vez, estar disponíveis para saber interpretar e respeitar o choro. Uma criança que é respondida eficazmente ou satisfeita nas suas necessidades irá ser um bebé mais seguro e mais tranquilo reflectindo-se na vida em adulto, tornando adultos mais equilibrados, autónomos e empáticos.

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